Aqui Estás
I
Aqui tem poesia
Para construir a solidão
Para alegrar os tristes.
Poesia para enfeitar
Colorir uma vida
Ou outras vidas.
Nas asas dos pássaros
Fluem músicas nos ares
Dantescos ares que pela poesia
Navegam no vasto horizonte d’alma.
Aqui tem o gosto da saudade
Aqui no infinito
Onde o canto de cada harmonia
Cada verso
Perfuma o ambiente com sua
Idílica sonoridade.
E lá nas montanhas
O poeta clama e se declara
Um ser que ama
Sofre e esquece
Traçando na alma pueril
Uma chama clara de dor
Uma poesia feita
Para alegrar, soluçar, chorar
Os incrédulos
E felicitar os deprimidos.
II
Aqui estás
No ventre da dor
Minha alma chorosa.
Estás ao lado
Do féretro contíguo
Ao jardim oblíquo
De perfumadas flores sem vida
Aqui estás
A canção da saudade
Na mansão do luar
Que vela a paz
A sacrossanta paz.
E o fel
Que tão puro e tão ardente
Faz alimentar esta dor nefasta
Que a morte constrói
E pelos caminhos de poeira
Se esvai.
Estás ao passo do adeus
Da alma silenciosa
Da lágrima tecida pela face pálida
Num ódio ardente
Que inflama a vida.
Aqui estás
Cerrando as cortinas pesadas e negras
Findando uma cena
Uma estrofe
Uma canção suave e sentimental
De lembranças
Que na folha branca
Se traça o verso em sangue
Declamando sob as montanhas
Tua poesia visceral e eterna.