Aqui Estás

I

Aqui tem poesia

Para construir a solidão

Para alegrar os tristes.

Poesia para enfeitar

Colorir uma vida

Ou outras vidas.

Nas asas dos pássaros

Fluem músicas nos ares

Dantescos ares que pela poesia

Navegam no vasto horizonte d’alma.

Aqui tem o gosto da saudade

Aqui no infinito

Onde o canto de cada harmonia

Cada verso

Perfuma o ambiente com sua

Idílica sonoridade.

E lá nas montanhas

O poeta clama e se declara

Um ser que ama

Sofre e esquece

Traçando na alma pueril

Uma chama clara de dor

Uma poesia feita

Para alegrar, soluçar, chorar

Os incrédulos

E felicitar os deprimidos.

II

Aqui estás

No ventre da dor

Minha alma chorosa.

Estás ao lado

Do féretro contíguo

Ao jardim oblíquo

De perfumadas flores sem vida

Aqui estás

A canção da saudade

Na mansão do luar

Que vela a paz

A sacrossanta paz.

E o fel

Que tão puro e tão ardente

Faz alimentar esta dor nefasta

Que a morte constrói

E pelos caminhos de poeira

Se esvai.

Estás ao passo do adeus

Da alma silenciosa

Da lágrima tecida pela face pálida

Num ódio ardente

Que inflama a vida.

Aqui estás

Cerrando as cortinas pesadas e negras

Findando uma cena

Uma estrofe

Uma canção suave e sentimental

De lembranças

Que na folha branca

Se traça o verso em sangue

Declamando sob as montanhas

Tua poesia visceral e eterna.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 28/01/2020
Reeditado em 01/03/2020
Código do texto: T6852278
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