Bonecos de panos

Não permitas que a tristeza do agora
Perturbe tua paz espiritual
Dê-me um sorriso, mas não o dos lábios
E sim, o da tua alma
Procurei por flores ainda há pouco
Presentear-te foi meu desejo
Todos os jardins que pude ver
Estavam por trás de grades
Sentei-me à calçada da minha casa,
Pensei em ti com saudades
Ah! Não me venhas falar sobre o tempo
Às vezes quando alguém bate a porta na saída
Sinto-me abandonada... dor da partida
Continuamente surpreendemo-nos com as pessoas
Como velhos bonecos de panos
Em mãos tristes e momentos de ira
Batem-nos, machucam-nos e rejeitam-nos
Bonecos são desprezados em um canto qualquer;
Nós somos gente nesse enorme Universo
Sem forças pra caminhar
Vagamos perdidos e vazios pelo cotidiano
Ontem, contemplei as crianças da minha rua,
Brincavam felizes e faziam algazarra
Em frente a minha casa há um jardim sem dono
Florido, colorido e perfumado
Jamais tinha percebido essas coisas
Porque só enxergo aquilo que meus olhos querem
Só compreendo aquilo que minha mente determina
Mas não sofro porque quero
Valorizo demais coisas pequenas
A dor de uma perda tem cura
Se não quiser sofrer por muito tempo
Fechas os olhos da alma,
Veste-te de esperança
E costuras os tecidos do teu corpo
Porque bonecos de panos também têm valor.