começo de um poema final
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não colhi flores nem as plantei
apenas regando as que escolhi, chorei
encontrei destino e fiz uma pausa para sentir
a melodia que, mesmo alheia ao vento, dança
agita as folhas e os pensamentos ao mesmo tom
não trouxe riquezas mesmo pisando em ouro
sempre fui tolo e nunca quis obedecer
pois nunca achei justiça no mundo, nem verdades
encontrei mentiras que se equivalem: "igualdades"
e a única beleza que aprendi a separar das outras
foi a do incompreensível silêncio das estrelas
do vazio azul do céu distante como uma e outra palavra
e a única mitologia que cri foi a história humana
planando sobre a pele, o tempo nos abstrai
quem explica o mundo guarda-o só pra si
devorando-nos, o mundo desfaz os planos;
guardando tudo em baixo do tapete do nada