Não me rotule
Não me rotule
Não estou nas prateleiras dos supermercados
Não pertenço a seções
(PRÉ) DEFINIDAS
Não pertenço.
Não pertenço ao rótulo da objetivação
Não sou objeto
Sou um ser de sentimentos
De desejos e sonhos
Não coisificação.
Sou um SER de adversidade,
Não de reprodução.
Mas reproduzo sonhos de todas as nações
Reproduzo gente
Que tem bom coração.
Sou um SER de adversidade,
Amor, carinho e solidariedade
Fazem parte do me padrão
Mas não me rotule
Não sou passiva de observação.
Nesta grande adversidade
Que compõe a sociedade
Estou ali, estou aqui
Fazendo parte
Sendo única e plural
Como todo cidadão.
Sendo assim,
Não me rotule
Somos iguais e diferentes
Somos um mosaico de gente
Formado por identidades
Somos diferentes
E por isso,
Adversos.
Sou um SER de adversidade,
Não sigo padrões excludentes
Sigo meus passos contente
E luto diariamente
Pelo meu lugar no mundo
Pelo meu lugar no Sol.
Por isso,
Exijo respeito
Sou diferente
E igual a todos nisso.
Não me rotule
Não rotule
Rotule amor
Respeito
Canção
Reproduza amor
Em seu coração!
(Cláudia Gomes. Anuário de escritores: 30 anos: Palavras de pérola. Editora Litteris, Rio de Janeiro, 2018)