Poema esquecido
Um dia, farto, como capim,
vou fazer uma alegria nova,
dizer uma estação inteira às coisas,
e gostando de ser, vou sair por aí
como a relva entre as árvores.
E pra estrela mais séria que me aparecer,
eu faço um verso acanhado e tranquilo qualquer,
de se dizer o tempo tão manso à ternura, de se caber até o esquecimento.
É claro que um verso é eterno!
lido e relido como um pôr-do-sol caminhado por dia.
É claro que as folhas caem!
- ainda enquanto escrevo -
Afinal, o mundo é o mundo,
escutem!
Mas ao poeta, o ofício da dúvida:
se o mundo é o mundo,
passa-lhe a lua na calçada!
e um verso acanhado e tranquilo qualquer,
vai,
assim como o perdão,
por não querer lembrar, ser esquecido.