CIDADÃO V
Nem todo policial
É um cara mal
Olha lá seu Val
Todo cheio de moral
Se fazendo de tal
Pula até Carnaval
Se brincar, puxa um brown
Brinca até com o cal
Se falar, mete o pau
Ninguém paga suas contas
Dos filhos foi mãezona
Pois aquela tal dona
Se cansou dessa zona
De ser mulher de cana
Hoje paga umas donas
Gosta dumas poltrancas
Vez em quando na manha
Vai de graça, ele ganha
Uma quenga na cama
Já matou, teve gana
De poder e de grana
Mas viu que tudo isso
Com batalha se ganha
Só correndo atrás,
sem perder a esperança
Seu emprego é duro e
lhes deixa a lembrança
De ver sangue inocente
derramado na lama
Hoje chora aos pés da Santa
Pela injustiça insana
-"Foi passado",- ele conta
Mas ainda se engana
Quantas vidas na sua manga?
Uns hoje mortos, outros em cana
A lembrança vem na cama
Ou deitado na poltrona
Quando um dia era criança
Ter sonhado na infância
Em fazer a segurança
Sua farda lhe dá ânsia
E hoje ele tem insônia