INSPIRAÇAO
INSPIRAÇÃO
Suponho que a inspiração para eu escrever
um poema qualquer,
não começou nessa vida, quero dizer,
na vida de minha alma
manifestada nesse corpo físico
que realiza a presença inesperada da poesia.
Para ter essa certeza,
basta que eu leia e compreenda os compêndios
espíritas. Basta que a minha alma
desdobre-se, durante o sono físico reparador.
Ou que a morte física faça a minha alma
transpor o portal para a vida de além-túmulo
Não temo em dizer, que transpus
inúmeras vezes, o portal
para a espiritualidade eterna.
Muito me apraz saber que numa dessas
transposições, vi-me na tela das existências
anteriores, compondo algo de poético.
Agora sei porque tenho tamanho pendor
para escrever versos na presente encarnação.
Sei que fiz tantas coisas em encarnações
passadas, mas decerto, dentre essas tantas,
tão precisas ao meu imperioso evoluir,
por amor a arte de escrever, fazer poemas,
por exemplo, me realiza espiritualmente,
me traz paz de espírito, me faz criar
o que Deus me possibilita criar como alma
afeita a escrever versos, que imitem,
por assim dizer, as belas e admiráveis
Criações naturais de Deus.
Quando eu me inspiro para fazer um poema,
a sensação que sinto é de algo
prazeroso que amo fazer,
e tenho que fazer de modo irresistível.
Quando eu me inspiro, imagem e linguagem
se mesclam, se unem como duas almas
amantes, num encadeamento paulatino
de motivos poéticos vitais, que me edificam
e exercem influência prevalecente
na construção artesanal do poema.
A inspiração me faz voar sobre os mares,
mergulhar em suas profundezas,
ver a beleza exuberante da fauna marinha.
Me faz andar nas ruas, fazendo parte
da multidão, sentindo o calor das gentes
indo e vindo para algum lugar,
que lhes possibilite resolver questões pessoais.
Me faz beijar a flor, sem alterar o seu
cheiro agradável, tampouco amargar
o seu néctar, que a abelha o sorve. Me faz
entrar no corpo físico de manha bem cedinho,
ainda às escuras, depois de visitar
colônias espirituais, onde a eternidade
nos espera a qualquer momento,
para vivermos como Espíritos desencarnados.
A inspiração me chega, como algo natural,
que entra em minha imaginação
sem me pedir. Pois sabe que sempre a aceito
como um fluido vital que me estimula
os bons sentimentos, tornando saudável
a minha organização espiritual, perispiritual
e física, imergindo-me como um hausto poético
que logo flui-me como prazerosas surpresas
metafísicas.O pendor para a arte, o artista
sempre a traz de outras vidas,
que sua alma continua a exercer, caso lhe
seja possível,
a depender de outras
ocupações que lhe gerem intensos
compromissos, responsabilidades
nas encarnações vindouras.
Sendo assim, qualquer que seja a encarnação
que a minha alma esteja vivenciando,
não a vigente, posso até não escrever,
máxime, poemas, mas a poesia vai sempre
me visitar e ficar latente na inspiração,
mesclada em imagem e linguagem poéticas.
Aguardando que a minha alma,
encarnada ou desencarnada, tenha de novo
a irresistível vontade de compor
os inúmeros poemas, que anseiam,
por assim dizer, emergirem
do repouso temporário,
no casulo espiritual eterno.
Adilson Fontoura