QUASE HUMANO
Encontro à beira mar
sobras de tantas vidas
e o oceano devolve
costumeiramente
em ritmos de lua
o que restou de ti
Nas garrafas pet
já arranhadas
pelos choques
contra os rochedos,
sinto no gargalo
os goles que mataram
tantas sedes
e a marca dos sabores
tão desejados.
Agora são dejetos
das marés.
E a boneca
ainda presa
no vestido florido
rola pela arreia
entrelaçada em musgos
- sempre inerte -
e aguarda um afago
um balanço do colo
e um gesto qualquer
de outras mãos
para lhe devolver a vida.
É como se buscasse
em outras enseadas
o afeto e o sorriso
aprendidos
em outras infâncias.
A sacola de plástico
furada, molhada
pesada, encobre-se
de areia e ancora
entre as restingas
ao perder sua serventia.
Agora, busca outros destinos
já que não pode mais
levar os presentes,
os mantimentos,
a alegria
e a esperança
para alguém.
O lixo à toa
nas esquinas
nos rios, nos mares
é um grito solto
do abandono
das nossas vivências
e das nossas necessidades.
Precisamos nos importar
com as nossas sobras,
elas carregam
um pouco de nós.
Ao esquecê-las
de forma tão banal
colocamos em risco
a nossa própria história,
no abandono imperdoável.
Encontro à beira mar
sobras de tantas vidas
e o oceano devolve
costumeiramente
em ritmos de lua
o que restou de ti
Nas garrafas pet
já arranhadas
pelos choques
contra os rochedos,
sinto no gargalo
os goles que mataram
tantas sedes
e a marca dos sabores
tão desejados.
Agora são dejetos
das marés.
E a boneca
ainda presa
no vestido florido
rola pela arreia
entrelaçada em musgos
- sempre inerte -
e aguarda um afago
um balanço do colo
e um gesto qualquer
de outras mãos
para lhe devolver a vida.
É como se buscasse
em outras enseadas
o afeto e o sorriso
aprendidos
em outras infâncias.
A sacola de plástico
furada, molhada
pesada, encobre-se
de areia e ancora
entre as restingas
ao perder sua serventia.
Agora, busca outros destinos
já que não pode mais
levar os presentes,
os mantimentos,
a alegria
e a esperança
para alguém.
O lixo à toa
nas esquinas
nos rios, nos mares
é um grito solto
do abandono
das nossas vivências
e das nossas necessidades.
Precisamos nos importar
com as nossas sobras,
elas carregam
um pouco de nós.
Ao esquecê-las
de forma tão banal
colocamos em risco
a nossa própria história,
no abandono imperdoável.