Vejo

Vejo as crianças brincarem,

os brotos surgirem no meio do mato,

a casa sendo limpa em plena manhã,

a poeira se afastar de repente.

Vejo o grito do adolescente,

as rosas despertarem,

o sorriso cada vez mais ausente,

as chamas se apagarem.

Vejo a monotonia adulta,

o cinza dos prédios,

o vinho do final do dia,

o suspiro sem alegria.

Vejo a angústia idosa,

os hospitais gigantes,

os olhares maldosos,

a mente se esvaindo.

Vejo tudo, tudo que posso,

no final restam-se apenas os frangalhos.