NAS CHIBATAS
Igreja construída
Pelos escravos
Lá na fazenda
Vista linda da estrada
Hoje abandonada
Marcas cravadas
Na dor e sangue
Com suor da alma
Foi levantada debaixo de chibatas
Rasgando a carne
A força era tão gigante e bruta
Não podia reclamar
As correntes e o tronco
O feitor amedrontava
Carrasco no olhar frio
Sem piedade estirava o chicote
Ah, meus irmãos
Sendo açoitados pelo feitor
Na crueldade
Belíssima igreja
Construída com pedras brutas
Sendo levantada
Com o ceifar de vidas
Quantas dores e calos
Nas mãos de nossos irmãos
Sua cor predominava
O rumo de sua trajetória
Num mundo cruel
Até hoje carregam preconceitos
Se cor fosse caráter
Quantas lágrimas e cantorias
Entre pedras empilhadas
Na fazenda
Igreja reluzente escorrida o sangue
Do Nobre irmão de cor.