Hino do real “brasileiro”
Não ouviram no Ipiranga as vozes baixas
De um povo escravo, negro e relutante
Em que sol há liberdade, em raios escuros
Que não brilha em uma pátria tão distante
Sem o senhor não vê igualdade
Conseguia massacrar com braço forte
Sem ter seio, nem liberdade
Resistia sem temer a própria morte!
Ó Pátria escrava
Colonizada
Largue-me! Largue-me!
Brasil, um pesadelo intenso, quem não te viu
De escravos sem esperança à terra cresce
Se em teu tristonho céu, covarde e rígido
A imagem do massacre prevalece
Gigante com caravelas e fortalezas
És velho, és nobre e inchado de desgosto
E o teu futuro espalha essa tristeza
Terra escravocrata
Quem não te vil
És tu, Brasil
Tão cruel e amarga!
Os filhos deste solo quem pariu
Pátria escrava
Brasil!
II
Deitado amargamente em porões quentes
Ao som do choro distante de outro mundo
Fulguras, ó Brasil, escrava América
Acorrentado por “civilizados” de outro Mundo!
Sem minha terra me doía
Sem meus pais, irmãos sem minhas flores
Em uma terra antes perdida
Nossa vida, no teu seio, mais horrores
Ó Pátria escrava
Colonizada
Largue-me! Largue-me!
Brasil, que acorrenta qual teu símbolo?
Com capatazes com chicotes empunhados
E diga ao negro-novo onde é sua cama
Se é no chão duro ou forrado
Mas, se fazes a justiça a pulso forte
Verás que o negro é chicoteado em praça pública
Só treme, e muito chora, só quer a morte
Terra escravocrata
Quem não te vil
És tu, Brasil
Tão cruel e amarga!
Os filhos deste solo quem pariu
Pátria escrava
Brasil!