Ela

Quando ela voltava de lá,

sentia uma dor no peito,

queria ficar,

mas não podia mais estar lá.

Entrava na sala, tirava o sapato,

deitava no sofá e fingia esquecer

o inesquecível de umas horas atrás,

dar mais forças pra consciência crescer.

Aí, a saudade dói e despedaça

até o mais gélido dos corações,

vai refletir na sacada do prédio

tão ventilada.

Porque ela não vai mais voltar,

e tem que aceitar essa dor,

ela quer voar e se libertar,

apenas voar.

Voar pela sacada que um dia já não gostou de estar,

mas hoje é o seu calmante nas noites vazias do seu lar,

noites vazias que ecoam os mesmos nomes

que ela não quer escutar.

Precisa se mudar,

parar para pensar em si,

tem tanto pra viver e amar.

Alguns dizem que a vida é feita pra sofrer,

eu digo que ela é feita pra viver,

ela não vai embora hoje,

ela conseguiu se entender.