ESPELHO D'AGUA

Lata d'água na cabeça

Sobre o solo do meu sertão

Degustar água na cumbuca

Pés descalços calejados

Mas a dor não estava alí

A alma de um cumbuqueiro

É brava gente sim senhor

Cantarolando músicas aos ventos

Alma gentil no solo arenoso

Reflexo da vida no poço

Dói como fogo ardente

Queimando a alma

Na resistência da caatinga

Ligeiro em solo quente

Na luta da sobrevivência

Por amor a sua gente

Que vive em desvelo

Na fé

Fazem suas preces

Em reverência ao solo

E todos os santos

Chora um bravador

Chapéu de couro

Tradição e amor

Nas cabras o toque do sino

Em nostalgia

Clama o filho

Que o céu chore

Nas lástimas

Vendo sua terra trincar.