Senhores poetas
Dois poetas se encontram
Na via central, bem movimentada.
A tarde chegava ao fim.
No horizonte, um vistoso pôr-do-sol,
Anunciava o próximo “Angelus”.
As pessoas passavam apressadas.
Vinham do mercado central.
Os automóveis desfilavam em velocidades,
São os erros das cidades.
Um andante passa apressado.
Voltava do funeral do amigo contemporâneo.
Uma jovem distraída passa por eles e ameaça parar.
A mãe dela olha assustada e com um agradável sorriso os saúda.
A jovem assim diz:
- Quem são eles, minha querida mamãe.
Filhinha, ali está uma biblioteca ambulante.
São dois poetas que ali conversam.
São iguais a nós, mas são os criadores
Dos versos que você estuda na escola.
Que os casais declamam uns para os outros.
Que olham para a natureza e a transforma nas harmoniosas palavras.
Que falam de amor, de saudade, de aventura.
Estão conversando entre si,
Os pensamentos deles estão nas letras.
Um escreve o sol forte,
O outro, a leve chuva que cairá.
Um abraça uma flor e a transforma no lindo buquê de rosas.
Poucas são as pessoas que os veem assim.
São eles pessoas abençoadas
Na arte de escrever, de recitar e até mesmo dizer
Belos versos em poucas linhas.
Deveriam ser muito respeitados,
Deveriam ser sempre saudados,
Deveriam ser grandes autoridades.
Os dois devem estar imaginando o fim de tarde.
Então, a menina, assim diz:
- Boa tarde, senhores poetas.