Poema do doce encanto

Um ar de graça na infinitude de beleza

formando um véu de esquecimento,

cobrindo de luz uma alma de desespero.

Há enfim um instante de breve sol.

Músicas cintilantes e silentes

ganhando o dolente pranto da manhã,

dando fim ao desencanto insistente

que tomou para si tantos arrebóis.

Voo de asas caídas. Não há passos

que não sejam ao chão. Mas tu,

como ponte, se abres. Conduzes ao céu

que tem por hábito o abismo.

Levamo-nos pelas mãos às florestas,

perdendo o senso da altitude.

Vamos nos distanciando do tangível.

Estamos longe demais para a realidade.