A onda Série: para não dizer que não falei dos espinhos
Os dias não passaram rápidos,
Os lábios secos e a pele marcada por feridas.
Resultado de rimas doloridas,
Sangrias que a vida psicografa ao luar.
Por que tenho que guardar,
Desatino no olhar,
Sem nunca consegui criar um rio em minha face.
Cada gota não caída,
Constrói essas rimas felinas,
De sangue e dor,
Banho meus pulsos.
Talvez o amanhecer,
Com aquele padecer de estrelas,
Me entorpeça com suas sutilezas.
Na mesa apenas restos de uma noite ansiosa.
Sim, eu estava de prosa com o sereno,
Alento dos morcegos.
Cego, ouço meus demônios,
Eles montam seus planos,
E eu, debaixo desses panos frios,
Busco aquecer meu corpo quente.
De frente a tantos desafios traçados,
Deixo meu corpo fechado,
Deito meu corpo massacrado,
Me entrego as moscas.
Na rua as moças não me olham,
Na festa sou aquele que volta só.
O sol, este astro vagabundo,
Que ferve este mundo,
Derruba em minha testa suor,
Mas nenhuma gota de lágrima aparece,
Será que elas existem,
Será que eu não sou apenas um aplicativo,
Onde existe um dispositivo que sorrir e disfarça.
Para acabar essa farsa,
Em punho tenho a faca,
No outro lado o coração.
Pulsando pedindo ajuda.
Sinto-me neste momento,
Ser o maior filho da puta,
Mas neste instante de loucura,
A derradeira loucura,
O louco e sua faca.
Quero expulsar minha'lma deste corpo imundo,
Deste corpo rotulado...
É quando ouço o rádio,
E para romper o embaraço.
Nas ondas sonoras surge a solução.
Na voz do anjo chamado legião,
Vem até meus tímpanos palavras tais:
"E quando vejo o mar, existe algo que diz: que a vida continua e se entregar é uma bobagem"
Ainda não era tarde,
Ainda era cedo,
O vento soprou a nuvem negra,
Meus olhos choveram,
Minhas tristezas abriram suas represas.