Precisa mesmo de um título?

E eu apenas chorei

Mas, pareciam lagos, rios, oceanos

Uma lágrima vermelha a rolar pelo meu rosto

Vermelha como o que era, sangue

Uma lágrima de dor

Dentre tantas outras felizes

Essa foi a primeira das milhões que viriam a seguir

E eu não poderia parar

Ninguém nunca pode

Foi apenas a primeira abertura

A primeira brecha

A primeira vez

Para os meus semblantes falsos

Os sorrisos que choram

E os abraços que não confortam mais

A ilusão do "tudo bem" não é mais real

Se a esperança é mesmo uma droga alucinógena

Não sofro mais com seus efeitos

A realidade é bem mais cruel

Renato já dizia:

"é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã,

porque se você para para pensar, na verdade não há"

E cara, como ele estava certo

Não existe amanhã

E também não cabe um "se" ao passado

Tudo o que temos é o momento

E nós buscamos sempre desperdiçá-lo

Nós choramos às coisas bobas

E suprimimos a dor em nós

Nos forçamos a viver uma fantasia

Entre muitas máscaras

Até o momento em que não se sabe mais

Quem somos ou o que é de fato real

Porque no fundo

Ninguém quer, de fato, viver a realidade

Ninguém quer ser triste de verdade

Ninguém é feliz de verdade

Mas, ninguém quer um conto de fadas

Um "felizes para sempre"

A montanha é a única coisa que faz sentido

Altos e baixos, a montanha, os momentos

Mas, também, é tudo o que tememos

A realidade.