VIDA NA CONTRAMÃO
Minha mente está vazia
De sonhos,
E o meu coração já não mais faz
Planos.
Apostei. Decepcionei.
Investi. Desiludi.
Os homens são maus!
A humanidade é cruel!
O terreno do outro é apenas
Um monte de areia.
Suja. Imunda. Seca. Infértil.
Mas plantas nele nascem
E dilaceram peitos.
Invadem.
Acordam a inveja
De quem vive em combate
Contra o mal de si
Que não suporta ver do outro
A felicidade.
Não é fácil ser humano,
Por isso nem todos o são.
Ver a outra felicidade
É superior condição
De ser, de viver, de saber.
Óh, ser humano,
Que engano!
Tão profano e desumano!
Nessa vida, um insano,
Que lucra ao ver do outro
O espetáculo fechar o pano.
Mas...
Quem perde o trem da vida
Estava na estação
Apenas a ver o outro
Entrar em seu vagão
E seguir sua própria viagem,
Sem conferir ou ligar
Pra quem ficou na estação.
É a vida na contramão.