VIDA NA CONTRAMÃO

Minha mente está vazia

De sonhos,

E o meu coração já não mais faz

Planos.

Apostei. Decepcionei.

Investi. Desiludi.

Os homens são maus!

A humanidade é cruel!

O terreno do outro é apenas

Um monte de areia.

Suja. Imunda. Seca. Infértil.

Mas plantas nele nascem

E dilaceram peitos.

Invadem.

Acordam a inveja

De quem vive em combate

Contra o mal de si

Que não suporta ver do outro

A felicidade.

Não é fácil ser humano,

Por isso nem todos o são.

Ver a outra felicidade

É superior condição

De ser, de viver, de saber.

Óh, ser humano,

Que engano!

Tão profano e desumano!

Nessa vida, um insano,

Que lucra ao ver do outro

O espetáculo fechar o pano.

Mas...

Quem perde o trem da vida

Estava na estação

Apenas a ver o outro

Entrar em seu vagão

E seguir sua própria viagem,

Sem conferir ou ligar

Pra quem ficou na estação.

É a vida na contramão.

Nara Minervino
Enviado por Nara Minervino em 02/11/2019
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