A alma livre
Lá estava ela
No meio do nada
Sentada na frente de uma casinha
A mente nada assoberbada
O sol parecia irrigar a estrada
Diante de espelhos d’agua
Ao lado apenas uma vegetação árida
Onde a chuva nunca deságua
Cortava pedaços de abacaxi
E não havia mais nada ali
Desde que horas estaria lá
Tão isolada e sem nenhum lar
Sou-me tão poético aquela imagem
No meio do sertão adormecido
Não havia nenhuma espionagem
Com um olhar nada envaidecido
Uma beleza pura, uma beleza ingênua
Na paisagem que ali era normal
Apenas em meus olhos percebi nada igual
Parecia mais uma terra nua
Despida de qualquer invasão
Aconchegada na imensidão do vazio
Sorriso feliz pela simplicidade
E nunca dominando a vaidade
Quem dera poder viver assim
sem o apertar de um mocassim
seguindo o vento exuberante
e livre existir
sem querer ser importante.