CIDADÃO N
Carregou na barriga
Aquela linda vida
Ela era a Nilda
Mãe, solteira e linda
A família não queria aceitar
Na rua a pobre Nilda foi parar
Pediu uma amiga pra lhe abrigar
Que responsa ela teria que carregar
O pai da cria
Não assumiria
A vergonha intrínseca
Na escola a barriga
Ía crescendo dia a dia
Aprendeu a cortar cabelo
Conheceu alguém pra chamar de nêgo
Que não era tão meigo
Batalhou, superou e se dedicou primeiro
A seu filho e seu emprego
Foi um romance barateiro
Parecia ser maneiro
Nas o nego era trapaceiro
Um dia pegou-a de jeito
E seu filho, guerreiro
Não aceitou, foi ligeiro
Revidou, bateu feio
Depois dessa estreita
Nilda, cabeleireira
Viveu amores na veia
Mas preferiu ser solteira
Tomava em paz sua breja
Viu seu filho Maurício
Se formar, fazer fisio
Teve netos e risos
E apesar dos perigos
Que viveu e dos pisos
Que a vida lhe deu
Foi feliz e só isso
-"Valeu a pena ser eu"