A recordação do instante perdido.
Se pudesse voltaria ao tempo, para entender aquele instante que o futuro destruiu.
Queria perceber como o sonho voou como se fosse uma nuvem que vento levou.
Se tivesse algum poder teria feito a terra parar de girar, o brilho do sol continuaria fazendo o passado ser o presente.
Se pudesse faria o instante ser eternamente aquele momento, agora sinto a distância, como se a realidade não fosse o passado.
Como seria bom se o tempo tivesse de fato parado.
Agora sei que o futuro jamais poderá ser o passado, queria olhar o infinito e beijar a imaginação.
Sem jamais ter partido, esquecido do tempo que ficou muito atrás, como se no amanhã o sol pudesse nascer naquele instante.
Se pudesse reviveria outra vez, exatamente o velho sonho, talvez o único construído na cognição, representada na interpretação.
A hermenêutica das ilusões.
Infelizmente o tempo partiu levando a alma presa nas ondulações das recordações.
Agora sinto apenas o desejo do brilho perdido na respiração de um coração partido.
Se tivesse algum poder, faria aquele momento ser o instante repetido nas áureas do encantamento.
Esqueceria a saudade porque o presente seria a eternidade das emoções guardadas na memória formatada.
Se pudesse agora jamais teria partido, não sei se posso explicar exegeticamente as metáforas.
Entretanto, se voltasse sentiria o esplendor do sentimento encantado.
A felicidade seria a paixão recordada na essencialidade do grande afeto.
Todavia, nada disso é possível a não ser a recordação perdida no brilho da alma.
Longe tal qual o desejo que não substanciou o futuro, a felicidade um instante perdido solitariamente na memória que distanciou-se dos momentos recordados.
Edjar Dias de Vasconcelos.