Folha no Outono
Se tua partida é inevitável
e não podes levar-me em pessoa,
vai fazer-me um cão sem dono...
Deixa-me aqui, à toa,
à deriva qual folha no outono.
Faz o passado imemorável
e esquece o passo enterrado,
sim, na flor d'areia quente...
Um pé descalço, escaldado,
se ti arrependes, lembra-ti do amor...
Faz de conta que é presente.
Se tua partida se reverte
e a porta inerte cala-se em ti,
o som da rua é o silêncio que me conforta.