LAPIDAÇÃO

Pedra bruta que se lapida

Feito cascalho levado pelo rio

Apara as arestas e refaz-te na lida

Ciclo final que se cumpriu.

Entre choques, atritos e descanso,

Molduras o adorno que te faz tão bela

Na longa viagem te deitas no remanso

Espelhando a beleza que te anelas.

Em mil faces te lapidaras

Em ângulos perfeitos te fulguras

Inestimável valor que te faz tão rara

Extraída dentro de cada criatura.

Ao sabor da correnteza das águas

Deixo-me levar pelo domínio

Deste rio que em breve deságua

No oceano maior de desafios e fascínios.

Por entre cascalhos junto às margens

A preciosa esperança recolher

De lapidar a minha própria imagem

Na foz da labuta, na trajetória do dever.

Néo Costa
Enviado por Néo Costa em 20/10/2019
Reeditado em 20/10/2019
Código do texto: T6774473
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