LAPIDAÇÃO
Pedra bruta que se lapida
Feito cascalho levado pelo rio
Apara as arestas e refaz-te na lida
Ciclo final que se cumpriu.
Entre choques, atritos e descanso,
Molduras o adorno que te faz tão bela
Na longa viagem te deitas no remanso
Espelhando a beleza que te anelas.
Em mil faces te lapidaras
Em ângulos perfeitos te fulguras
Inestimável valor que te faz tão rara
Extraída dentro de cada criatura.
Ao sabor da correnteza das águas
Deixo-me levar pelo domínio
Deste rio que em breve deságua
No oceano maior de desafios e fascínios.
Por entre cascalhos junto às margens
A preciosa esperança recolher
De lapidar a minha própria imagem
Na foz da labuta, na trajetória do dever.