VAZIO VERTENTE
Vozes que cessam um só minuto
Rostos mal definidos
Passos apressados
E frio a despertar calafrio.
Entusiasmo causando espasmo
Dose, entregoles e overdose
E toda nossa jamais concebida prole
Fazendo-me retomar o último gole.
Momentos incomuns sem charme algum
Cenas que parecem coisa de cinema
Frases jogadas ao vento, ao relento
Desvirtuando toda palavra serena.
Paisagens mortas, enquadrando
Quadro a quadro, uma silhueta imperfeita
É aí que ouço o ranger da porta
E vislumbro tua efígie abrupta
Impoluta, absoluta a causar medo.
E vejo então que não era ninguém
E sim o meu, que vivia a ermo
Um andarilho errante, um enfermo
Atrás de mim mesmo, que corria como louco
Por estar temporariamente indefeso.