Não sei dizer o que penso dos rios

Não sei dizer o que penso dos rios

Dos sons e das coisas

Talvez elas não me digam mais do que são

Tenho inveja dos rios de águas límpidas

E não sei lidar com as coisas em geral

Os rios passam e só

As coisas nem sempre

Imagino migalhas de mim nos rios

Migalhas de mim nas coisas

Acho que tudo é como está

O que diz-se das coisas

São pensamentos incorretos

Porque as coisas são mistérios

Assim como as águas profundas dos rios

Em mim as espumas flutuam

Mil migalhas de mim suspiram

Os sons das coisas espalham-se

Dentro do meu pensar mergulhado

Nas mil migalhas de mim.