As latas entulham meus devaneios

As latas entulham meus devaneios

Desiludida desfaço as minhas colmeias

Resisto ao luto da minha dignidade

Sem oscilações vãs julgo-me

Realça o brio na explosão matinal

Agoniza o perdiz no solo estéril

Flores e versos nada me dizem

Sem o pio do meu sabiá

Nas minhas tardes quietas

Orquídeas resistem as minhas alucinações

Rasgo jovens palavras rebeldes

Apreensão de mim no ontem

Nado no mar de mim à procura de ti

A liturgia do domingo diz-me algo

Igrejas falam de Cristo e da fé

Crio ritos em pedaços de tempo

Lavo-me no seio materno da folha verde

Quantias de mim são multidões solitárias

A última lágrima trocou de roupa ainda há pouco.