Um domingo para sorrir

Um domingo para sorrir

Mas cá dentro em mim

Não há sorrisos livres

Estão acorrentados

Aos meus dissabores da vida

E o domingo tarda a passar

Pois o nada prolonga as horas

Bom seria poder sorrir

De qualquer coisa, de coisas tolas

De coisas que nada dizem

E por isso nos fazem sorrir

Eu sorri nos tempos de céu azul

O céu ficou cinza para mim

Atrás das fortunas perdidas

Na mesa de bar da esquina

Ah! Solidão ingrata, maldita

Bruxa malvada impiedosa

Deixa-me ir além dos sorrisos

E sentir a felicidade correr em mim

Numa estrada reta de brandura

Meiguice de mim para mim

Sentir-me ao menos na Terra

Ser de nada, ser em nada

Causa de critérios esporádicos

Fêmea em nuanças sombrias

Tirania perdida do que nego

Ontem eu era a exatidão

Mas o caos quebrou a minha teoria

Viver é ter-se e dizer-se

Aos becos das madrugadas

Fazer-se sóis atrás de si.