Nude.
Disseram que há dois tipos de homens: o homem em desconstrução e o homem em decomposição.
O poeta em sua lírica mata Deus, mesmo sendo o mais fiel devoto.
A conotação dos termos ditos por uma boca inócua não corresponde nem um pouco com suas emoções. A convenção das palavras nas normas coletiva mata toda subjetividade, há de ser bem mais que um Manuel de Barros, a palavra tem que ser dita com as vestes do senso .
Até minha poeta confidente me chamou de pecador, com razão. Ela usou a razão.
Eu cometi o pecado de insistir em sua nudez.
Nem eu mesmo consigo racionalizar, visto que o impulso de minha intuição escreve toda subjetividade na minha insistência.
Meu sangue não é azul, minh'alma, sim. Meu sangue é da cor da justiça,
Minha poesia fala de amor.
A linguagem dos olhos é que cria seu alfabeto.
A linguagem dos corpos é que cria seu alfabeto.
A linguagem dos silêncios é que cria seu alfabeto. O alfabeto é uma Torre de Babel, que pode clarear ou obscurecer um mesmo fato.
O fato é que sou pecador. E com pecado quero escrever minha poesia. Meu coração permanecerá inviolável, pois mesmo ludibriados seguirei minha intuição. A moral, sei que marcará minhas costas com suas chibatas de espinhos , mas além da moral mora a aurora.
Que Deus possa me livra de me tornar um homem em decomposição, amém !
Que Deus possa me livrar de me tornar um homem de pudor, amém.
Que Deus possa posar nú, amém.
Não podemos quebrar o casulo, a borboleta morrerá, mas na quebra do tabu nasce a sensatez.