CIDADÃO B
Era só um garoto brilhante
Com um sonho gigante
Se dar bem nessa vida
E viver do tatame
Só lutava entre amigos
e queria fazer isso
com grande fascínio
E cheio de riso
o empresário Narciso,
preocupado com o umbigo,
Colocou-lhe um sorriso
Campeão ou feirante?
Perguntava o estudante
e nesse instante
Ele, não obstante
teve um rompante
Resolveu fazer só
Pq fora enganado
E temia o pior:
sua mãe e seus avós.
No documento um nome só,
tinha um trabalho de dar dó,
sua mãe de Mossoró
Ele não via perspectiva
e sem expectativa,
então foi pra Bahia
ser feirante com a tia
pra sustentar a família
Aí engravidou sua prima
Depois perdeu o emprego,
mas deu o seu jeito
Pro filho, deu um nome do meio
e no meio desse enredo,
resolveu se envolver.
Bora ver de qual vai ser?
E ganhou uma graninha
Quem diria?
Um moleque errante,
que tinha um sonho gigante:
Se tornar um brilhante
lutador de tatame
Era sonho distante,
mas com aquele montante
podia ser viajante
Já não era feirante
Mas vendia o corante
Do pó pro assaltante
Com 20 já era homem
Esse tal de Beniani
Queria mudar de nome
Agora era B da 11
Pq não tinha naquele instante
Um patrão mais firme ou mais sangue
Com palavra e arame
Pra fazer o dinheiro
Voltar pro traficante
Já não era tão longe
quando mesmo numa grande
emboscada no Dante
lá no bairro da gangue
a Polícia com mira
acertou na barriga
e no meio da briga...
Sabe aquela historinha?
De viver de esporte,
de lutar de ser forte?
Tudo isso passou...
Só queria curtir uma fita
se sentia um ninja
e sangrando, ele birra:
-"Cuide da minha filha"...
Mas o tal de Polícia,
envolvido em milícia
transformou em chacina
o que era rotina
lá na periferia.