Estrelas

Quando eu era criança

Gostava de contar as estrelas

Elas riam para mim

Eu ria para elas

Cresci. Parei de contar as estrelas

Porque, num certo sábado, uma estrela

Desceu do céu e veio falar comigo

Confidenciou-me segredos

Brincamos de cadê o grilo

Brincamos de médica e paciente

Durante alguns poucos dias

Essa estrela dormiu nos meus sonhos

E eu pude sentir o seu calor

O cheiro da sua pele

Contemplar seu sorriso único

Sentir uma das suas pontas tocar a minha perna direita

Roubá-la da sua tranqüilidade, do seu cotidiano

Mudar tudo... até seus princípios de menina interiorana

Ah! Estrelinha, você foi um conto de fadas

Estrelas que eu contava e parei de contar

Presentearam-me uma estrela por poucos dias

E eu soube valorizar esse presente

Cuidando da estrelinha como se cuida de um pássaro

Pássaro que está preso numa gaiola

E não quer dela sair... medo ou comodidade?

Não sei... zelei a estrelinha

Voltei a contar estrelas

No entanto as minhas contas não passam de um

Uma estrela que mantenho acesa no céu da minha ilusão

Estrelas, lágrimas são meus lençóis cheios de saudades

Amanhã quando o pranto parar voltarei a olhar para o céu

A janela está aberta. Pode entrar, Estrelinha.