Devore-me, Tempo

Tempo, eu não te odeio

Também não tenho receios

Sei o quão brutal você consegue ser

Também sei como é difícil te entender

Mas, acho que eu estava precisando de você

Estava precisando me reinventar, amadurecer.

Tempo, se me ceder um pouco mais,

Acho que as tristezas ficarão para trás

E eu conseguirei ficar em paz

Mas sei que irá me ajudar,

Nesta minha recente jornada ao mar.

Tudo o que escrevi nas nuvens, desapareceu

Aquela serenata que escrevi, morreu

O meu coração, tempo, se aborreceu comigo

Estamos sem nos falar, sem palpitar

Estou indo de lábios a lábios sem me importar

Sem dizer amor, sem sentir calor, sem valor

Estou afogando minhas desilusões debaixo do cobertor

Sem me importar com quem estou.

O vazio, tempo, o vazio

Ele está, dia após dia, acabando comigo

Não estou conseguindo destruí-lo

Se tornou um detestável inquilino

E ele está me persuadindo,

A enxergar o amor como um inimigo.

Tempo, ultimamente eu tenho refletido

Pensado um pouco mais sobre o que sinto

Pensado sobre a maneira que vivo

Passei por uma crise mental e social

Mas, agora estou melhor, retornei ao normal

Porém, tempo, às vezes tenho pensamentos repetidos

Aqueles que me deixam depressivo

Não sei se conseguirei silenciá-los permanentemente

Temo que ressuscitarei eles a qualquer momento.

Meus textos decaíram, tempo

No começo eu escrevia em passatempo

Agora mal passo perto do caderno

O que aconteceu comigo, tempo?

Quero que você passe, para me curar

Quero que você passe, para me ajudar

A sarar este meu coração, que grita de dor

Quero que seja meu amigo, que me ajude a deixar o amor

O amor que doei e não recebi

O amor que lutei e me iludi.

Pois então, tempo, apenas passe

Sei que de qualquer jeito irá, será saudável

Apenas... passe, me dilacere

Maltrate.