Os olhos da língua!
Eles amam sem o amor.
Quando sinto medo de mim,
desse meu animal interior,
dos rompantes de imbecilidade,
a impiedosa consciência me desmonta,
meu Ego vomita certo fogo e me desaponta,
com nojo, meus olhos abraçam tantas dores
que, impiedosamente, choram.
As palavras são, quase sempre, mentirosas.
As minhas? as tuas?
A língua cristã mata inocentes,
mesmo sem condenações.
De tuas palavras nascem miseráveis venenos doces.
Preciso transpor os muros da vida,
Ir além da lida,
visitar a alma das estradas
sem olhar as dores nos pés.
Velhice, esse amplo livro da vida,
coleção de acertos, desencontros e despedidas,
apegos às vaselinas de pimenta,
glórias ingloriosas e solidões dos medos,
sorrisos indecentes das lágrimas dos segredos...
e, nem sei o porquê,
mas vale à pena viver!