COMENDO SEM SOFRIMENTO

E agora, meu DEUS,

O que é que eu vou comer?

O que eu gosto não pode,

E, quase sempre, o que pode

É o que eu não vou querer!

Se tem verdura no meio,

Que mais parece ração,

Eu como com algum receio,

Mesmo com fome de leão!

Se tem doce ou chocolate,

Logo a gula me bate,

E, como não sou moderado,

Vejo a saúde no abate.

Macarronada, lasanha,

Refrigerante ou pudim,

Cada coisa dessa me ganha

E me faz comer "tudim",

Mas logo, em pouco tempo,

Eis que vem o resultado

E, porque foi tão gostoso,

Minha saúde foi pro ralo.

Quinua, gergelim ou gengibre,

Chia, aveia ou linhaça,

Eu como se é o jeito,

Mas de uma colher não passa.

Aí, escutando os mais velhos

E ouvindo os especialistas,

Vejo que essa é a comida

Pra comer por toda a vida.

E agora? O que fazer?

Será que eu tenho mesmo,

Mesmo, mesmo que escolher?

Não precisa sofrimento

Pra escolher o alimento

Que vai me fortalecer

E me ajudar a viver.

O que eu preciso, apenas,

É colocar na balança:

O que me cresce a saúde

E o que me alimenta a pança.

Depois de equilibrar

O que eu preciso e o meu gostar,

Vou vendo que as duas coisas

Eu posso reajustar.

Na maior parte do tempo

Que eu tenho na minha vida,

Vou comendo o que é devido

E, assim, evitando feridas.

Somente uma vez ou outra,

Naqueles dias festivos,

Dou vida aos meus desejos

Sem ficar enlouquecido,

Como somente o que quero,

Cheio de desejo e equilíbrio.

Tudo na vida é assim:

Um viver na corda bamba.

Se pende apenas prum lado,

A vida vira um fardo.

Se pende somente pro outro,

O futuro nos traz desgosto.

E assim eu vou convivendo

Com dois ritmos de um só samba,

Mas eu sei que isso tudo é preciso,

Senão minha vida desanda.

Agora o que eu preciso

Pra viver com dignidade,

É saber que nem tudo é devido

Pra que eu tenha felicidade.

Eu posso ser feliz

Comendo o que não suporto,

Como também assim o serei,

Controlando as comidas de que gosto.

Se assim eu vou fazendo,

Feliz é que eu vou vivendo,

Porque tudo o que me alimenta

Minha saúde vai mantendo.

Nara Minervino
Enviado por Nara Minervino em 04/10/2019
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