FUI! - Luiz Poeta Luiz Gilberto de Barros Rio de Janeiro Brasil.
2 FUI!!! - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros.
Nunca te iludas, meu irmão, quando te fores,
terei de ti só o melhor que tu deixares,
pois minhas flores não são feitas para altares.
por isso, esquece de guardar as minhas dores.
Quando eu me for, me chorarás por um só dia,
a vida adia o sofrimento da ausência,
por uns instantes, talvez mais... a consciência
do que se perde, cedo ou tarde se inicia.
Depois de uns goles, quando estiveres sozinho
em uma adega ou um barzinho desses tantos,
o teu silêncio será feito de acalantos
e hás de brindar o meu afeto, com carinho.
A tua lágrima mais triste e verdadeira
há de rolar sobre teu rosto sem pudor
e se o bar-man te perguntar sobre essa dor,
tu chorarás mais que choraste a vida inteira.
Não te preocupes, prantos são como nascentes
que têm seu tempo mais feliz de irrigação...
... às vezes secam, mas na gota da emoção,
elas renascem, formando novas correntes.
Quando a saudade, sem querer, te visitar
e o teu olhar quiser chorar, lembra-te, então,
que esse sorriso que habitar teu coração,
com afeição, fará teu pranto descansar.
Quando eu morrer, que alguém te conte uma piada
e se divirta... e que gargalhem sem pudor,
e todos riam, nessa hora engraçada,
e que eu seja, dela, o principal ator.
Por isso, lembra-te de mim sem exagero,
Mas ri de todas as besteiras que eu já disse,
porque a saudade sempre ri da babaquice
e a tolice não carece desse esmero.
Ao me lembrares , esquece o que foi ruim:
os meus defeitos, minha tola estupidez,
meus desesperos ou a minha insensatez...
... ao crer em quem sempre falava mal de mim.
Se tu puderes, por favor, faz um favor:
manda essa raça fofoqueira e imbecil
para... tu sabes... há uma frase que é tão vil...
que nem merece completar a minha dor.
Por isso, amigo, pranto antigo só reflui,
se a dor intui-nos a chorar, quando a lembrança,
está sozinha e já não há mais esperança
de um abraço que faltou, quando eu me fui.
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