Esteio

Era um tal de semear esperanças!

escancarar porteiras de possibilidade guardada,

abrir corixos para rios de lavar a alma

era um querer sem fim de embelezar o mundo,

uma fome de justiça,

um dar-se aos encantos,

curar quebrantos da sociedade apática.

era um cortar-se ao meio

arremessar-se ao mundo

redescobrir-se no desvão das plenitudes,

era tanto céu desenhado no dentro de si,

que a ditadura exilou!

Parvos!

Quem há de prender o que pulsa no dentro?

Quem há de varrer para longe

a palavra plantada

ideia pegando raiz

pensamento soltando pendão?

É um cortar-se ao meio

arremessar-se ao mundo

redescobrir-se no desvão das plenitudes,

é tanto céu desenhado no dentro de si,

que a ditadura não apagou!

Avante, amigo!

Ser conselheiro das palavras

esteio das horas inquietantes…

Quero segurar tua mão

nesse redemoinho da história.

Para Thiago de Mello