As Sombras do Entardecer
Tenho muitas sombras na alma,
Até a natureza as tem em abundância.
Vale a pena uma parada mansa
Em meio aos problemas
A me sombrearem, me assolarem
Sem dó nem compaixão
E ao meu descompassado coração.
Medito nas sombras pequenas ou grandes,
Entendo-as como muito necessárias.
Tenho algumas em minha companhia,
Numa leve melancolia.
Refresco-me, pensante, com galhardia...
Não as temo, servem para meditação,
Ao fundo da alma a serenar, elas vêm,
Não me levam ao desassossego total...
Vou bem pela sombra do entardecer,
Calmamente, contemplando-as...
Noutro dia, o sol novamente brilhará
Aquecer-me-á...
Serei aquecida totalmente,
Verei minha própria sombra,
Esquecer-me-ei da sombra ao redor.
De que me adiante esquecer de mim mesma
Se não me dedico a minimizar
Minha própria falta de luz?
Dar sombra aos demais,
Na altura da minha vida,
A todos refrescar brandamente,
Com delicadeza de alma,
Ser uma copa gigante
A espalhar também muitas sementes...
Problemas, quem não os tem?
Só problemas não fica bem,
São com sombras passantes
Eles vão e vêm...