ENQUANTO OS OUTROS DORMEM
Francisco Alber Liberato
Às vezes na quase que interminável madrugada
No insistente monólogo noturno
Na companhia da querida insônia
No barulho do silêncio
Quando os espinhos tomam conta do colchão
Quando a exaustão diz que é hora de amarrar o coturno
Penso nos meus pais e irmãos
Por que ninguém se entendia?
Por que havia brigas de noite e de dia?
Por que diálogo não existia?
Será que todo mundo naquela casa era surdo?
Tinha sempre um olhar acusatório e um semblante antipático
Imagino que o convívio poderia ter sido menos traumático.
Diante do que foi não seria nenhum absurdo
Se tivéssemos enveredado por caminhos tortuosos
Por estradas mais largas.
Não fizemos opção pela vida fácil
Não fizemos opção por entorpecentes
Preferimos encarar a droga da vida
Não buscamos dinheiro sujo
Tentamos andar de cabeça erguida
Embora muitas vezes não houvesse saída
Em inúmeras situações ficamos sem ação
No final acabávamos aceitando
Para isto só tem uma explicação.
Deus está no comando.