Está implícito, inscrito em mim
Está implícito, inscrito em mim
Dor não vista, reunindo traços
Almejada libertação, pêndulo do fim
Escolha, inexistência, sutis passos
Está previsto, num sentido velado
Detalhe revisto e relapso
Expande na alma um recado
Retornando a tortura, decreto selado
Está cinza, sem cores e nuances
Pertence a mim este instante
Detalha no meu peito, uma dor
Caminhos sedados, que logo expande
Prenúncio de um abismo, solidão
Reflete no corpo uma emoção
Apagada por sentimentos ocultos
Explorados em lágrimas, recordação
É anúncio, de todos, um pedaço
Instiga a atingir um estado
Por noites em claro, um laço
Amarrou-me sozinho, em retalhos
Não há forças nesse momento
Sem valor e posicionamento
Ainda que a morte me visite
Seu convite alivia um sofrimento
Apesar disso, uma escolha
Fortaleza possível, umas verdade
Mesmo que na linguagem, recolha
Dor subjetiva, descrita possibilidade
Ajuda l, acolhimento do conflito
Detalhe que instiga, reflexão
Silêncio ancorado, um grito,
Palavras se constroem, ascensão
Liberdade na morte, uma certeza
Sofrimento aparente e sem beleza
Limite entre o acaso e o profundo
Rompe sinais, conciso à estranheza
Invisível, desejo ofuscado
Vida que perde o sabor exalado
O vento sopra tristeza em detalhes
Encontro-me só, recorrendo ao passado
Numa luz, amarelo de um mês
Rompe o silêncio ocultado
Ilumina uma realidade, sem vez
Abrindo um chamado relevado
Tornou-se escolha da vida, relação
Minutos que transmitem uma demanda
Resgatar no horizonte, proteção
Exime possibilidades, desejo declama
E nesse trajeto, realidades
Um mundo descrito por detalhes
Desperta um sentido perdido
Encontra no acolhimento, uma verdade
É possível, expresso, um vestígio
Carrego-me a beira do precipício
Mesmo assim, vida escolhida por anúncio
Ainda que por dores, revelado indício
Opto por uma vida, mesmo que difícil
Nessa tarde, revelação me convida
Hoje não serei escolha do suicídio..
Poesia realizada num evento sobre Suicídio e Setembro Amarelo
Roberto William Dantas da Silva
19/09/2018