Não quero!
Não! Eu não quero!
Longe de mim
Esta felicidade vazia
De aparências e luzes!
Amo o vazio da minha plenitude,
A nudez das minhas trevas
Que verdadeiramente me iluminam
E trazem-me poesia!
Odeio esta felicidade!
Para que ela serve
Senão para afundar-nos
Ainda mais em nosso desespero?!
Dissimulados! Mascarados!
Suas faces e corpos são pintados!
Seu eu pendurado, rasgado!
Envergonhado de sê-lo!
Entre o colorido preto e branco
De vossas quimeras
Sou preto e branco colorido
Sim, sou autêntico !
Na minha solidão e vazio
Preencho-me, sou real!
Sofro, choro!
Contudo vivo!
Sim, vivo!
Por que supor ser o que não sou
Quando não posso escapar
Daquilo que de fato sou
Quando me deitar?!