JUSTIÇA

Grande heroica mulher

Cega, forte greco-romana

Só com sua espada se impõe

Não mede esforços pelo equilíbrio

Mas seu rumo não se sabe

É usurpada e traída

Em seu nome derrubam reinos

Depois a jogam pelo ralo

Junto com sangue em bueiros

Hoje é difícil reconhece-la

Quando se pensa encontrá-la

Cai sua venda

E sem que ninguém entenda

Com seus olhos vermelhos

Raivosos e rasteiros

Derruba com seu interesse

O homem de bom agir

Que sem entender

Não consegue se defender

Enquanto o larápio

Esperto e ágio

Com seu poder

Com seu controle

Com seu coração podre

Ceifa com sua foice

O mais fraco

Pobre deficitário

Assim são dias de ontem

E dias de hoje

Mal, vizinho do homem

Que pinta a justiça

Mas quando fecha a cortina

Rouba, mata e destrói,

O que com mentiras justifica

Então nossa heroína

No submundo se marginaliza

Como não enxerga

Não vê o que a cerca

Sua balança nem pesos nem medidas

Sua espada

como há tempos não se afia

Só aos humildes a aponta

Pois só eles fazem conta

Únicos que a esperam

Mas a eles só vem

Se a eles for contra.