MATÉRIA ESCURA
Quieto.
É como quero
me manter enquanto tudo
... é tão triste.
Extremos, cruezas...
esse pó produzido
pelas nossas mentes
polui mais do que
este tabaco inocente.
Eu ouço vozes
gritando,
julgando e condenando
no silêncio das redes,
na frieza dos dígitos,
alvejando inteligências.
E assim nos tornamos
esses extremos,
provocamos um cheiro
algo queimado,
algo podre, não sei...
Mas não lamento
as circunstâncias,
apenas me ponho
de luto,
quieto,
incomodado,
talvez insano, não sei...
Apenas me ponho
a murmurar
a animais e plantas.
Apenas me ponho
a interagir
com o fogo, com a terra,
com a água e com o ar,
buscando na realidade
explicações,
buscando algo
que abrande
essa minha estúpida
perplexidade,
esse meu tolo
indignar.