HOUVE AS TROMBETAS
Sempre houve as trombetas,
Sempre ouviusse,
O som ensurdecedor da ganância,
Estava ali, perto de tua jugular,
Como um pernilongo em seu
Suave e sugante sussurro.
Era então um canto alto,
Mas tu percebia apenas sibilos,
Pela mente entorpecida,
Na vã ilusão da telinha.
Ela também se alimentava
Da sua egoísta ignorância,
Dourada no óleo do orgulho
Presunçoso.
Hoje você grita e ranje dentes,
Reclama dos decibéis doloridos
Das trombetas. As mesmas de outrora
Hoje as ouve, quando antes havia
O sibilo
E nem a dor dos que ensurdeciam
Ao teu lado, chegavam as tuas orelhas.
Mas hoje engrossas as fileiras dos surdos.
Só hoje percebeste o que houve
Só hoje ouve
Mas hoje ja há mais nada que possas
Fazer pra aplacar as trombetas.
Hoje, elas não ouvem.