Equilíbrio Instável
Não consigo me apaixonar totalmente.
Só alguns pedaços de um certo alguém me prendem.
E lá estou eu buscando outros pedaços em outras pessoas.
Reunindo todos os fragmentos consigo me sentir
Finalmente saciado.
Achava que poderia um dia me contentar com uma pessoa completa.
Bastava eu ser inteiro.
E inteiramente Eu.
Mas nunca é o suficiente.
Preciso de um pouco de cada um,
Recolhendo essas pequenas partes,
Compensando umas às outras,
Complementando meu amor esvaziado.
Quando me volto a noite.
Vejo-me sozinho, nulo.
Mais uma vez,
Estou sóbrio, recolhendo meus próprios pedaços Que só querem descansar.
O dia desperta.
Outra vez me vejo cheio dos pedaços de cada Pessoa nas mãos.
Eles aquecem a minha frieza,
Ajudando com a sobrevivência do meu espírito.
Estou sozinho de novo.
Porque mereço estar.
Recuso-me a aceitar que sou infiel.
Insisto em ressaltar que a lealdade existe, porém é Compartilhada.
Todos os pedaços são meus e de mais ninguém.
Grande equívoco.
Não sou de ninguém.
Ninguém me pertence.
Nem mesmo a solidão é minha.
Tampouco a solitude me aconchega.
A única verdade é que a vontade de ter um alguém único, simplesmente desapareceu.
O isolamento de não querer ninguém, me esqueceu.
Longe dos extremos.
O meio termo ás vezes profundamente doloroso nessa superfície tempestuosa, eventualmente morna.