Poemas a varejo
Saí domingo passado com um cesto cheio de poemas e rosas vermelhas no mercado de frutas, ofereci poesia a três reais e cinquenta a unidade e uma rosa
Uma senhora de estatura média e muito elegante inquiriu-me:
– Tem poemas de Fernando Pessoa?
– Poemas do Fernando são os primeiros a vender, não fica um.
– E de Bandeira?
– Terminou no domingo passado.
– Catulo da Paixão.
– Não tem.
– Cecília Meireles.
– Terei pra semana. Um sábado só para ela.
– Poemas de Crisanto
– Esses são raros, estão esgotados há muito tempo.
– Poemas de Lázaro.
– Tem, as dúzias!
– O preço!
– Dez centavos.
– A senhora deseja levar quantos?
– Nenhum, não tenho tempo nem dinheiro trocado!