Dharma II
Sob a luz da lua, encantado o poeta está. Rumina no tempo sua trajetória. Tentou tocar pandeiro, violão, carron e baixo. Mas só sabe tocar o corpo que ama. E a alma, que lhe toca, lenta, destila nele a fantasia da reabilitação e o fogo de um sagrado tempo onde a lucidez é elo predizendo o colo.
Sem anseios ou máscaras, veste-se de paz, entende o mundo como é sem mais tardar nas banalizações. É sonho e cura. O céu estrelado compactua com sua alma que resplandece para ouvir aquilo que o coração diz. É força sem limites, tentando encontrar na noite o caminho da iluminação onde o véu não se aplica. O poeta nunca nasceu, nunca morreu, nunca viveu nem existiu. É poeira rompendo a ventania. Não precisa mais de nada, não deseja, não come, não vê. O poeta não é. O poeta só respira e compreende sua completude entregando-se nos braços oceânicos da existência. Louco e embriagado de estranha tranquilidade, desatina a pensar em um futuro onde o agora é potência de mares dhármicos.