Fetiche

Daquela plácida multidão humana,

O excitante chorume do alienável,

Advém, como néctar, ao descartável,

Trazendo consigo a luxúria cigana.

A vida de ventos flácidos em sinapse,

Se disfarça em breves doses de cálice,

Num mimetismo da divina barganha,

Que aos celestes herdeiros apanha.

Estará, na alegre ausência, a rotina?

Ou, será o desapego que fascina,

A visão de sempiterna orgia?

Sob a luz daquilo que não havia,

Apenas o olhar da Górgona abomina,

O fetiche que a todos alucina.

Rodrigo Leme de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leme de Oliveira em 04/07/2019
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