Olhos Inescrutáveis
Olhos inescrutáveis
Sou o grito dos desesperados;
A voz dos aflitos;
Sou a fome, e o seio da fartura;
Sou o andarilho da rua, e sua roupa rasgada
Sou a criança que nunca nasceu, golpeada pelos pais;
Sou o escravo em prisões invisíveis, enfeitadas de liberdade;
Sou os acorrentados, chicoteados, por ideias e ideais, que nunca serão alcançados;
Sou o cego que vê pela visão do outro;
Sem saber que está vendado;
Sou a mãe e o pai que chora, por seus filhos jogados em um mundo, envolto de insensibilidade;
Sou o doente, o deficiente, que clama por piedade;
Sou o grito de socorro, dos dependentes do sistema, que querem ser libertados;
Sou os velhos asilados, que foram intensamente explorados;
Sou as crianças abandonadas, num mundo de crueldades;
Sou a água no deserto, os poços e cisternas, em um mundo ressequido, onde nada permanece;
Nem o amor prevalece;
Sou a espada de dois gumes, que defende o necessitado;
Sou a justiça, que julga a todos com imparcialidade;
Sou o segredo do coração;
Vejo por dentro e por fora, com visão ampliada;
Não precisa me temer, tema aos seus iguais;
Que por orgulho, inveja ou vaidade;
Querem reduzir a todos, a menos que nada;
Aos bons que ainda habitam esse mundo, não se deixem contaminar;
Pois, são por vocês, que vale a pena, conservar a humanidade,
mesmo em um mundo, cheio de iniquidade;
Quem eu sou?
Sou a perfeição, a pureza, num mundo infectado;
Sou aquele que tudo vê, que tudo sente;
Todas as dores, todos os clamores, todas as injustiças, toda fome e toda a pobreza;
Todo bem e todo mal, toda a esperança, que cerca essa existência quase aniquilada;
E ninguém se esconde, dos meus olhos inescrutáveis.
Raquel G Morais.
https://poesiasenigmaticas2.blogspot.com
Raquel G Morais, 19.