Nada¹²³

O que há de tão vazio em meu olhar

O que chega a me tomar tão por inteiro (!) / (?)

A dor força, o que sangra (!) / (?) a forçar minha garganta a sangrar.

Ardor sem dor, imagem sem rosto, atração ilustre a ilustração morta de um viveiro.

O soar de um sino inaudível

O indescritível deixa-me perdido

A reação poderia ser incabível?

Tal imensidão, compreensível a um ser incompreendido.

Oh, vazio!, (imploro.) Não me consuma

Inimiga é a voz do amigo que esperta desperta e aperta em mim

Apanha e manda a campanha sólida da solidão que o acompanha (e, é) suma.

Deixe a paz que conquisto enfim

Haveria uma fonte instrutiva e indestrutível?

O relembrar, agora, por hora, insípido.

Possível ou impossível?

Outrora pérfido, noutra hora límpido.

Mas se me consumo só por seu deleite

Incompreensível ou não (riso!), não importa

Ele veste-se com uma roupa do diabo por enfeite

Espera-me luminoso na relva do inferno atrás da porta

Maneio o desconhecido

Ser maldito, emerjo o gozo de seus prantos.

Maneiro o conhecido

Ser bendito, imerjo o sacrifício de seus santos.

Mas o nada? Óh, o nada é imparcial

nem santo nem diabo vive de seu ser

Eu servo, observo-o: inerte sem igual

consome, rompe e corrompe o que vê

Seria Nada o Todo?

ou Nada é Todo, e Todo é Nada