Passado

Vivo porque tenho de viver,

Respiro o ar que me chega obrigatoriamente

às narinas.

Tento fugir dos esquemas da vida.

Escrevo qualquer coisa, às vezes,

Nem sempre escrevo, quando posso,

Na verdade me preocupo mesmo em

Passar a limpo a vida, rascunhada.

Joguei tantos papeis no lixo.

Chorei tantas lágrimas que não eram minhas,

Esqueci de fechar o caderninho, então,

Outros ninguéns vieram escrever aqui.

Não gosto de mim, gosto do que sou,

Desgosto mais ainda do que faço,

Prefiro gostar do que deixei de fazer.

Prefiro não gostar de nada.

Deixei pra trás as expectativas,

Rasguei o pano que me cobria, estou nu,

Ando vestido de mim, achando que sou eu,

Apenas não quero pensar que sou alguém.