(D) EFEITO
Quando jovem eu tinha,
Uma máquina de escrever
Nela batia de tudo
Só não batia a letra D
Era defeito de velhice
Mas o que eu podia fazer?
Gostava dela assim mesmo
E o que importava era escrever
Não escrevia discórdia
Não escrevia defeito
Não escrevia desavença
Não escrevia dinheiro
Mas também não escrevia dívidas
E nem desapontamentos
Pois faltava a letra D
Trocava discussão por tolerância
Era mais fácil de entender
A ditadura passou longe
Nesta falta de letra D
O amor era constante
Escrevia sem parar
E tantas outras palavras
Mas o D não poderia entrar
Quando jovem eu tinha,
Uma máquina de escrever
Nela batia de tudo
Só não batia a letra D
Pessoas diferentes
Não entrariam jamais
Pois se não tivesse o D
Elas se tornariam iguais
Nenhuma erva era daninha
E inferno algum existiria
Pois sem a letra D
Nem o diabo tinha
Quando jovem eu tinha,
Uma máquina de escrever
Nela batia de tudo
Só não batia a letra D
Era defeito de velhice
Mas o que eu podia fazer?
Gostava dela assim mesmo
E o que importava era escrever
Ricardo Árcoli.
15/02/2006